quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Vivendo e aprendendo
Joe 90 era um antigo filme de
animação, cujo protagonista, um menino, entrava num globo giratório para
adquirir, temporariamente, o conhecimento de outras
pessoas.
Na mesma época, o Dr. McCoy, num episódio de Jornada
nas Estrelas, entrou num aparato alienígena e aprendeu instantaneamente a
fazer uma antes impensável cirurgia no intrincado cérebro do Sr. Spock. O
problema é que, depois de algum tempo, ele também foi perdendo esse conhecimento
e quase "deu zebra", na operação.
Em Johnny Mnemonic (1995), Keannu Reeves é um "pen
drive" humano, que recebe informações secretas no cérebro, às quais ele não
tinha acesso, que devem ser transferidas em curto prazo, senão ele entraria em
colapso mental.
Curiosamente, o mesmo Reeve, na trilogia Matrix,
recebeu muito mais informações sem endoidar, só que, desta vez, as retinha. No
entanto, poderia morrer, em "sonho".
Que fantástico seria se a gente pudesse aprender o que
quisesse, apenas transferindo informações para o cérebro!
Quer aprender mandarim? Pluga! Quer tocar guitarra como
Jimmy Page, ou violoncelo, como Yo-Yo Ma? Conecta! Quer pilotar
como o Senna? "Espeta" na USB!
Capturar conhecimento dessa forma é tentador,
não?
Ninguém mais precisaria de cola ou de ir à escola!
Bastaria ir ao supermercado de banco de dados. "Oferta do dia: Leve Física
Quântica e ganhe, grátis, realidade virtual com Paz Vega!". Mas, onde ficam: a
criatividade, a inovação, o mérito, a inteligência e a sabedoria nessa
história?
Se considerarmos que muita gente tem potencial,
independentemente de poder aquisitivo, talvez a apreensão rápida de informações
permitisse a cura doenças e imperfeições genéticas; acabar com a fome e as
guerras; levar o ser humano o universo, evitando a superpopulação da Terra...
Mas, não é assim que as coisas funcionam. Pelo menos, não ainda.
A aprendizagem é um processo infinito! E que deve levar à
autonomia de pensamento, permeada pelo bom senso. Não falo, portanto, de
doutrinação ou adestramento.
Adoro aprender! Passaria o dia todo aprendendo! Porém,
viver é preciso, pois, mesmo que a gente aprendesse ao estilo Matrix ou
Joe 90, pagar contas ainda exigiria trabalho remunerado, na sociedade
atual.
Aprender continuamente é um processo de
libertação!
O que enlouquece ou ofusca o brilho das pessoas é a
restrição ou o direcionamento do pensar, para confiná-las em rebanhos de
interesse.
Ainda não descobriram a real capacidade de armazenar e
processar informações do cérebro humano. Isso é fácil, com máquinas, e até já
tentaram transformar pessoas em máquinas, para limitar e controlar suas ações e
reações.
Querer acreditar que sabe muito ou, até, tudo; ou que
aprender não é necessário, só serve para arrogantes, acomodados e aproveitadores
de todas as raças, credos e ideologias!
Aprender é acreditar na vida! É respeitar o que a
humanidade já produziu! É acreditar no futuro!
E é preciso aprender até o último suspiro, já curioso com
o que virá depois...
Adilson Luiz
Gonçalves
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Conferente
e Compositor
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Acima de preconceitos
O preconceito
normalmente é interpretado no sentido negativo.
Preconceitos raciais, étnicos, ideológicos, de
gênero, religiosos, sociais e outros, quase sempre estão associados aos
interesses de manutenção de poder de uma classe dominante, "classificadora", que
atribui rótulos para impor total controle sobre a vida das pessoas, doutrinadas
desde a infância. Algumas até se atribuem designação "divina", para dominar,
mantendo a ordem social de "seus" grupos.
Não importa o motivo, isso tende a virar cultura
que, quanto mais fechada, mais estipulará preconceitos e discriminará o que for
diferente, limitando a evolução pessoal, desperdiçando potenciais ou tirando
proveito doloso das restrições impostas.
Essa é,
normalmente, a visão que temos do preconceito, e muitos se valem dela, em nome
de sua superação. O que é motivo de restrição, em alguns casos virou vantagem a
priori, a título de "reparação", independentemente de mérito.
No entanto,
mesmo antes do estabelecimento desse modelo de combater "fogo com fogo", sempre
houve interpretação e aproveitamento "positivos" de certos preconceitos. Isso
vale, inclusive, para o discriminado. Tanto que tem gente que contrata pessoas
em função de crença, raça, opção sexual e outros fatores, por acreditarem que
esse preconceito garante bons resultados.
Bem, certos
preconceitos via de regra vêm associados a estereótipos comportamentais, ou
seja, aparências.
Dependendo do
grau de hipocrisia da sociedade, alguns indivíduos passam a "interpretar
papéis", para atuar em certas áreas. Ou seja, assumem o preconceito, com todos
os seus estereótipos. E se assim não fizerem, poderão ser discriminados pelos
discriminados. Há, ainda, os que o fazem para tirar proveito dos
preconceituosos. Lembram do filme Shampoo (1975)?
Pois
é...
Leis podem
punir atos preconceituosos ou, até, "reparar" erros ou crimes cometidos por
outras gerações. Mas, como eliminar, de fato, os preconceitos de todas as
culturas?
Creio que
somente pelo cultivo da noção de igualdade e do respeito às diferenças
individuais.
É óbvio que
classificar e "enquadrar" pessoas desde a infância é um eficiente meio de
manutenção da supremacia das elites. Isso vale desde o início da humanidade,
passando pelo estabelecimento de castas, alegação de "designação divina" da
realeza, lideranças carismáticas, perseguições estúpidas, tudo o que transformou
os seres humanos em mercadoria.
Passados
milhares de anos, hoje somos a soma de todas as virtudes e defeitos das
civilizações, algumas mais ou menos evoluídas, todas com seus preconceitos
internos e externos, antigos ou novos, mas sempre convenientes para
poucos.
Seria utopia
acreditar que, por iniciativa própria, um dia veremos as pessoas serem apenas o
que são, livres de preconceitos e com oportunidades iguais para desenvolverem
suas aptidões, exclusivamente por mérito? Ou continuaremos a ser eternos
escravos de preconceitos: alienados, hipócritas ou tirando proveito conveniente
deles?
Adilson
Luiz Gonçalves
Membro da Academia Santista de
Letras
Mestre
em Educação
Escritor,
Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
Caso
queira receber gratuitamente os livros digitais: Sobre Almas e Pilhas, Dest’Arte e Claras Visões, basta solicitar pelos
e-mails: algbr@ig.com.br e prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
É PRECISO SABER CONVIVER
Viver em condomínio não é fácil! Às vezes a gente briga
até com o espelho!
O desafio está em abrir mão da conveniência pessoal em
nome da boa convivência. Daí a necessidade de regras, que devem ser acordadas
dentro da legalidade e por consenso ou, na falta deste, maioria. No entanto, não
basta criá-las: elas devem ser acatadas enquanto vigerem, inclusive pelos
responsáveis por sua aplicação!
O que se espera é que, ao menos em condomínio, haja a
democracia que infelizmente ainda não conhecemos na política, e não um simples
exercício de poder, individual ou sectário, com excessos ou
omissões.
Regras são "chatas", mas necessárias! E não podem
depender da conveniência de cada um ou de motivos transitórios. Também não podem
ser cumpridas apenas por quem concorda com elas ou objeto de "desobediência
civil", pelos discordantes, que ainda se incomodam, magoam ou clamam seus
"direitos", quando sofrem as consequências de sua infração.
Um condomínio é composto por pessoas de várias idades,
origens, profissões, credos... Uns têm filhos, outros não. Há os que trabalham
de dia, à noite ou são aposentados. Tem os reclusos e os festeiros. Enfim, há
gente de todos os tipos, com gostos e vontades que não podem ser simplesmente
impostos aos demais, principalmente nas áreas comuns.
Quem tem filhos pequenos, hoje, e cobra que eles tenham
liberdade para fazer o que quiserem, a qualquer hora e mesmo longe de seus
olhos, para seu sossego; amanhã pode querer o silêncio e a paz que os que já os
criaram ou decidiram não tê-los anseiam. Quem tem animais de estimação, que
passam o dia todo lamentando a falta do dono, também. Quem faz festas em casa,
até altas horas da madrugada, com música no último volume e gritaria,
idem.
Há os que argumentam que escolheram morar em tal lugar,
porque acharam que ali poderiam viver do jeito que queriam, como se isso fosse
uma condição indiscutível, um direito absoluto.
Pois é, outros também o escolheram, só que por outros
motivos. Daí a necessidade de criar normas de convivência, que implicam abrir
mão de alguma coisa, em nome do bem viver.
Regras... Elas seriam desnecessárias, se as pessoas
tivessem suficiente bom senso para buscar o consenso, e não apenas a prevalência
de suas vontades.
Essa consciência evitaria desinteligências, rancores e
disputas pessoais ou grupais. Transformaria essa casa parcialmente coletiva em
algo próximo do paraíso, onde cada vizinho não seja visto como o "chato de
galochas" que mora ao lado, em cima ou embaixo, ou alguém para se evitar, no
elevador; mas pessoa com quem conversar, confiar e, porque não, confraternizar.
Afinal, onde moramos deve ser qual porto seguro: refúgio do trabalho estafante e
das agruras da vida, e não mais um foco de estresse.
Nesse sentido, o sonho de uns não pode ser o pesadelo de
outros.
Pois é... Mas, às vezes, brigamos até com o
espelho!
Já seria um bom começo, em vez de brigar, "conversar" com
ele...
Adilson Luiz
Gonçalves
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Conferente
e Compositor
Leia outros textos do autor e baixe gratuitamente os
livros digitais: Sobre Almas e Pilhas e Dest Arte
em: www.algbr.hpg.com.br
Conheça as músicas do autor em: br.youtube.com/adilson59
domingo, 23 de setembro de 2012
Bom Dia!
Tenho, por
hábito, cumprimentar as pessoas quando chego ou saio dos locais de trabalho e
outros ambientes, independentemente delas retribuírem ou não.
Confesso que
fico um pouco frustrado quando alguns viram o rosto, fazendo de conta que não
ouviram nem notaram minha presença; e até me divirto quando alguns se assustam
com a saudação. Via de regra, esses últimos passam a cumprimentar regular e
cordialmente, daí para frente.
Infelizmente, a
prática do cumprimento espontâneo, gratuito, está cada vez mais rara. Em
contrapartida, o cumprimento com segundas intenções está cada vez mais comum e
caro, no sentido da contrapartida!
Dizem que não há
almoço de graça... Pura verdade! Aliás, estão cobrando até pela graça! O que não
é nem um pouco engraçado.
Você atende ao
telefone, para ouvir um alegre e simpático: "Bom dia fulano, como vai!", com uma
intimidade tipo de lista telefônica ou banco de dados, seguida de um falatório
que faria qualquer cantor de ópera perder o fôlego, para ao final, oferecer
serviços que a gente não quer, ou pedir donativos que a gente não pode, regados
a psicologia de segunda - usada até nos fins de semana -, com direito a
constrangimentos e questionamentos sobre nossa inteligência ou amor ao
próximo.
Não é muito
diferente nas ruas:
Volta e meia, um
sorridente "Bom dia!", vem acompanhado da tentativa de venda de revistas,
jornais e religiões de forma até agressiva, psicologicamente, por parte de
alguns "vendedores", também com direito a ameaças nessa e em outras
vidas.
Não é à toa que
algumas pessoas acabam desviando o rosto ou fingindo que não ouvem o
cumprimento. Talvez estejam se protegendo do que vem depois
dele!
Não deveria ser
assim!
Porque um "Bom
dia!", "Boa tarde!" ou "Boa noite!" não podem ser apenas desejos sinceros e
gratuitos?
Nós seríamos
muito melhores. O mundo seria muito melhor!
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
ACIMA DE PRECONCEITOS
ACIMA DE PRECONCEITOS
O preconceito normalmente é interpretado no sentido negativo.
Preconceitos raciais, étnicos, ideológicos, de gênero, religiosos, sociais e outros, quase sempre estão associados aos interesses de manutenção de poder de uma classe dominante, "classificadora", que atribui rótulos para impor total controle sobre a vida das pessoas, doutrinadas desde a infância. Algumas até se atribuem designação "divina", para dominar, mantendo a ordem social de "seus" grupos.
Não importa o motivo, isso tende a virar cultura que, quanto mais fechada, mais estipulará preconceitos e discriminará o que for diferente, limitando a evolução pessoal, desperdiçando potenciais ou tirando proveito doloso das restrições impostas.
Essa é, normalmente, a visão que temos do preconceito, e muitos se valem dela, em nome de sua superação. O que é motivo de restrição, em alguns casos virou vantagem a priori, a título de "reparação", independentemente de mérito.
No entanto, mesmo antes do estabelecimento desse modelo de combater "fogo com fogo", sempre houve interpretação e aproveitamento "positivos" de certos preconceitos. Isso vale, inclusive, para o discriminado. Tanto que tem gente que contrata pessoas em função de crença, raça, opção sexual e outros fatores, por acreditarem que esse preconceito garante bons resultados.
Bem, certos preconceitos via de regra vêm associados a estereótipos comportamentais, ou seja, aparências.
Dependendo do grau de hipocrisia da sociedade, alguns indivíduos passam a "interpretar papéis", para atuar em certas áreas. Ou seja, assumem o preconceito, com todos os seus estereótipos. E se assim não fizerem, poderão ser discriminados pelos discriminados. Há, ainda, os que o fazem para tirar proveito dos preconceituosos. Lembram do filme Shampoo (1975)?
Pois é...
Leis podem punir atos preconceituosos ou, até, "reparar" erros ou crimes cometidos por outras gerações. Mas, como eliminar, de fato, os preconceitos de todas as culturas?
Creio que somente pelo cultivo da noção de igualdade e do respeito às diferenças individuais.
É óbvio que classificar e "enquadrar" pessoas desde a infância é um eficiente meio de manutenção da supremacia das elites. Isso vale desde o início da humanidade, passando pelo estabelecimento de castas, alegação de "designação divina" da realeza, lideranças carismáticas, perseguições estúpidas, tudo o que transformou os seres humanos em mercadoria.
Passados milhares de anos, hoje somos a soma de todas as virtudes e defeitos das civilizações, algumas mais ou menos evoluídas, todas com seus preconceitos internos e externos, antigos ou novos, mas sempre convenientes para poucos.
Seria utopia acreditar que, por iniciativa própria, um dia veremos as pessoas serem apenas o que são, livres de preconceitos e com oportunidades iguais para desenvolverem suas aptidões, exclusivamente por mérito? Ou continuaremos a ser eternos escravos de preconceitos: alienados, hipócritas ou tirando proveito conveniente deles?
Ideal Olímpico
As Olimpíadas da Antiguidade eram um festival religioso e atlético restrito ao mundo helênico, cuja cultura, a exemplo de suas contemporâneas, louvava deuses e fazia do esporte uma celebração dos mortais.
Sua realização implicava suspensão de conflitos, para garantir a participação segura de atletas e torcedores de outras regiões.
Os vencedores eram celebrados, em prosa e verso, como heróis de suas cidades.
Era uma celebração, sim, mas também uma forma demonstração de poder, tanto que era vedada a participação de escravos e mulheres. Curiosamente, isso não impedia os gregos de cultuarem deusas, inclusive Atena, considerada deusa da sabedoria.
Esses jogos pagãos foram suspensos com o advento do cristianismo, embora vários sincretismos tenham sido bem aceitos, em nome da expansão religiosa. No entanto, na Idade Média era comum a ocorrência de torneios em que campeões dos reis definiam disputas territoriais e de honra numa "justa", sem derramar sangue de inocentes.
Quando Pierre de Coubertin propôs a reinstituição dos Jogos Olímpicos, de forma ampla e laica, visava à aproximação entre os povos. Ainda era uma competição física, de força e sentidos. Porém, abria espaço para a superação também das diferenças culturais, o que continua a não interessar a alguns, pois mentes abertas são mais difíceis de controlar. Prova disso é que, até recentemente, algumas religiões desprezavam competições esportivas, até perceberem que isso estava afastando seu rebanho mais jovem. Pois é, em nome da expansão, agora os esportistas são seus divulgadores...
Só que ainda há religiões que impedem a participação de mulheres em competições, ou criam tantas restrições, que limitam seu desempenho atlético e psicológico. Porém, nada têm contra lutas e tiro a qualquer coisa, fora do ambiente esportivo...
Apesar desses anacronismos e novos sincretismos, o ideal da competição leal e superação esteve presente até em Berlin, 1936, pena que restrito a atletas. Infelizmente, não repetimos a sapiência grega durante as Guerras Mundiais, quando as Olimpíadas foram suspensas. Ela também fez "forfait" na Guerra Fria, substituída pela de "dopings", atentados e boicotes.
Hoje, as Olimpíadas são o evento mais democrático do mundo, embora ainda "contaminada" com questões alheias ao esporte.
Seus vencedores legítimos, têm sua imagem e conquistas lucrativamente exploradas por patrocinadores, políticos e religiosos. Isso é contingência, pois hoje predomina o profissionalismo, ou seja a maioria absoluta do atletas se dedica exclusivamente ao esporte, mediante rígidos contratos.
O valor de suas conquistas, independentemente das paixões envolvidas, é relativo:
Eles provam que o ser humano pode ultrapassar limites com treino, disciplina e motivação. Alguns passam por imensas privações e desafios para suplantarem obstáculos no esporte e na vida. Porém, não salvam vidas; não constroem pontes; não mudam a mente dos poderosos... Isso é raro!
Consciente disso, confesso que torço incondicionalmente para os atletas brasileiros, e que tenho especial carinho pelos antes desconhecidos que superam a arrogância de favoritos; pelos que choram ao vencer; pelos que sorriem, mesmo ao perder, certos de que deram o melhor de si.
Nós, simples mortais, incógnitos amadores do esporte e da vida, podemos aprender com eles, que disciplina, consciência, ética e respeito ao próximo não têm limites; que mente sã num corpo são é a síntese que nos torna competidores de elite na maratona do viver, no revezamento da humanidade, cujos louros da vitória estão no empenho em passar o bastão de um mundo melhor para as futuras gerações!
terça-feira, 17 de julho de 2012
Pátria de chuteiras
Consta que Nelson Rodrigues afirmou que a Seleção Brasileira é a "pátria de chuteiras"...
Confundir pátria com esporte é algo meio delicado, embora potências mundiais invistam pesado nesse âmbito, para demonstrar superioridade.
Ocorre que, recentemente, vários meios de comunicação noticiaram que advogados da FIFA teriam alegado, num tribunal europeu, que a corrupção é comum em países sulamericanos e africanos. E isso não apenas no futebol, mas em toda atividade profissional, afirmando que a propina faria parte do "salário" da maioria dessas populações!
Essa é a imagem que fazem de todos nós?
Graças a corruptos que ocupam alguns cargos-chave e a picaretas nacionais que se autoexportam para o mundo, sim: no geral, eles pensam assim sobre nós.
No entanto, certos países desenvolvidos nos dão alguns exemplos a seguir:
Na Itália, eles punem e rebaixam times que participam de falcatruas. No Japão, empresários e políticos corruptos flagrados se suicidam, por vergonha!
E quanto ao Brasil?
Pois é, aqui, no futebol como em outras áreas, às vezes os inocentes é que são punidos. E, não raro, os culpados são até premiados!
Hoje, há interesses de mercado extremamente fortes no esporte.
Sempre houve, é verdade. Mas é difícil provar irregularidades, a não ser que alguém de dentro denuncie.
No entanto, generalizar o que fazem os atores desse submundo corporativo para nações e continentes é preconceito da pior espécie! Só falta alegarem que seus clientes são "vítimas da sociedade".
A esmagadora maioria desses povos injustamente acusada por esses "defensores" é trabalhadora e honesta! Só é pena que ela não consiga esmagar a corrupção que a assola, talvez por trabalhar demais e, para muitos, o esporte ser meio de fuga dessa roda-viva.
Quem sabe por isso, haja tantos fanáticos por futebol, facilmente manipuláveis.
Que absurdo: para justificar propinas milionárias recebidas por pouquíssimos, culpar centenas milhões de seres humanos, que ganham salários de fome!
Alguns deles são culpados, sim! Culpados por gastarem o pouco que ganham com seus times, às vezes deixando o conforto e, até, a dignidade de suas famílias em segundo plano. Culpados por "saírem no braço" com torcidas adversárias, com ou sem encontro marcado, ferindo e matando em nome de sua "paixão". Culpados por aceitarem ser manipulados nessa nova versão do "pão e vinho" romano.
Bem que poderia ser... Desde que os polegares para baixo fossem para os que orquestram esse espetáculo. Eles, sim, merecem ser jogados aos leões, inclusive do Imposto de Renda.
Chamar países e populações inteiras de corruptos para defender clientes? Será que os defendidos concordaram com essa forma de defesa, que denigre a imagem de milhões para justificar opções de caráter exclusivamente pessoal?
Para tudo há um limite! Mas, considerando a boa índole dos brasileiros, talvez ainda convidem essas "personas" para comer um churrasco por aqui...
No entanto, o certo seria a "pátria de chuteiras" começar a chutar alguns traseiros!
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Amor em paz
Já tive amores que sequer o houveram, ou que se desfizeram em amargo pranto. Conheço essa tristeza, portanto.
Também sei que ela nunca vem sozinha: sempre traz uma dorzinha, que nos maltrata com zelo, minha nossa! Que acaba numa abissal fossa, mas, começa pelo cotovelo.
No entanto, muito pior do que a dor de um amor desfeito é o vazio da falta de amor! Assim, tenham certeza, é melhor remar contra a correnteza do que viver na apatia de um mar em calmaria.
Eu vivi muito tempo entre essa dor e vazio, sem saber que o amor não é uma imposição, nem algo que a gente às vezes sente, depois esquece.
O amor não vem por encomenda, dinheiro, mandinga ou prece. O amor, simplesmente, acontece!
E quando acontece tem que ser alimentado com toda emoção, com cada vital pulsar do coração!
A gente deve agarrá-lo, desfrutá-lo e transformá-lo até aprender que o amor nunca termina, e mesmo quando assim parece, quando menos se espera, de novo germina.
Por isso, entristeço demais ao saber de amantes que não se amam mais; de filhos que sofrem com desamor de seus pais; do que, antes, era perfeito e hoje explode em falhas; da paz que se esvai em dolorosas, por vezes dolosas, batalhas.
Querem a paz? Então, preparem e pratiquem o amor! Pois sua falta é sinistra, é pano de fundo de todos os males que afligem o mundo!
E para não cair na armadilha do costume, sempre é bom um pouco de ciúme. Mas sem exagero, para não entornar o caldo nem estragar o tempero.
Guerra? Só a de corpos ardentes, sem o mínimo pudor, trocando carícias, fazendo amor!
Amor que alucina, envolve; que tudo tira, mas, muito mais, devolve. Porque o amor é uma estrada de duas mãos que, em verdade, são quatro: ora contidas, ora atrevidas. Porque em todo ensejo ele sente desejo, e sabe que mesmo em meio ao maior cansaço sempre há espaço para um beijo e um abraço. Porque o amor também precisa de gentileza, de assentos puxados ou cedidos; de mãos que se toquem, sobre mesa; de trocas, juras e pedidos; de chegar sempre quinze minutos antes, para o encontro a dois, mesmo sabendo que a amada só ficará pronta meia hora depois.
O amor de verdade é assim: nunca se dispersa!
Vive de paixão e, também, de conversa, pois para sua grandeza exige franqueza; despreza intrigas; só tem curtas, curtíssimas, brigas; não faz drama ou cenas. Se basta, apenas. Assim, sacia suas fomes e sedes entre quatro paredes.
Então, nunca, jamais, enganem o amor! Porque a mentira é mortal para o amor, e quando ele morre a gente morre um pouco com ele.
O amor não deve temer, da inveja, os mísseis; tampouco deve temer tempos difíceis, que vêm e vão. Então, o importante é amar! O resto é vão!
Vão amar, portanto! E amar cada vez mais, “porque o amor é a coisa mais triste, quando se desfaz”, já diziam Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
Adilson Luiz Gonçalves
Membro da Academia Santista de Letras
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
Ouça textos do autor em: www.carosouvintes.org.br (Rádio Ativa / Comportamento)
Caso queira receber gratuitamente os livros digitais: Sobre Almas e Pilhas, Dest’Arte e Claras Visões, basta solicitar pelos e-mails: algbr@ig.com.br e prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
Conheça as músicas do autor em: br.youtube.com/adilson59
(13) 97723538
segunda-feira, 4 de junho de 2012
André Rieu
Fiquei agradavelmente surpreso com a repercussão da vinda de André Rieu ao Brasil!
Vi alguns de seus shows, espetáculos que misturando música clássica e popular.
Confesso que prefiro ouvir arranjos originais, não por "purismo", mas por gosto pessoal. O mesmo vale para outros gêneros, inclusive pop, rock e MPB, sendo que não me agrada sobretudo quando tomam parte dessas músicas como suporte para a insuportável falta de talento contemporâneo. Só que não chego ao nível "fundamentalista" de alguns, cuja "rigor acadêmico", em vez de difundir, afasta o público da música erudita, deixando-o à mercê da atual falta de opções do "mercado".
No extremo oposto desse radicalismo, certa vez ouvi um "mc" afirmar que música clássica era "um pé..."! Que bom era o que ele fazia...
"Gosto não se discute", diz o ditado. No entanto, ele pode ser aprimorado. Mas, para isso é preciso ter alternativas de fácil acesso, e ouvidos e mentes atentos para apreciá-las sem imposições ou regras.
Esnobismo, conformismo, preconceitos e interesses comerciais são os maiores inimigos da aquisição de conhecimento em qualquer área, fomentando e proliferando "guetos" culturais, que beiram à irracionalidade.
Dizem que André Rieu descaracteriza obras clássicas... E daí?
"Pior", acusam-no de "popularizá-las", como se isso fosse um crime.
O que seus acusadores preferem?
Querem que o povo fique limitado apenas ao que interesses econômicos definem como "popular", incluindo os "degêneros" musicais em voga? Ou que o "popular" fique limitado a letras pobres e ofensivas, grunhidos ou vozes eletronicamente distorcidas e batidas enervantes, que alguns adoram desfilar, em alto e ruim som, com cara de pau e de mau, pelas ruas das cidades?
Olha eu sendo preconceituoso, também...
Explico: é que, para mim, música "decente" é a que gente consegue assobiar pelas ruas; que tem melodia! Música que, mesmo quando repetitiva, não é monótona, como: "Bolero", de Ravel; "Samba de uma nota só", de Tom Jobim e Newton Mendonça; ou "Changes", do Black Sabbath.
A música clássica já foi popular! Pessoas se amontoavam frente aos teatros, para ouvir "lançamentos" de Verdi, Tchaikovsky, Mozart e outros. Depois, os cantavam ou assobiavam suas obras por ruas, mercados...
Popularizar a música clássica pode ser um primeiro passo para a flexibilização e diversificação do gosto das pessoas; para suplantar o hoje arraigado preconceito de que popular é sinônimo de baixa qualidade.
Assim, seja bem-vindo André Rieu! E que seus detratores parem de considerar a música erudita como néctar exclusivo dos deuses, disponível apenas para poucos "iniciados". Em vez disso, que a divulguem como água potável e portável a todos. E, com ela, outras, que também elevem nossa alma, sem sepultar nossos neurônios na vala comum da mediocridade cultivada por gananciosos sem escrúpulos.
Adilson Luiz Gonçalves
Membro da Academia Santista de Letras
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
Ouça textos do autor em: www.carosouvintes.org.br (Rádio Ativa / Comportamento)
Caso queira receber gratuitamente os livros digitais: Sobre Almas e Pilhas, Dest’Arte e Claras Visões, basta solicitar pelos e-mails: algbr@ig.com.br e prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
Conheça as músicas do autor em: br.youtube.com/adilson59
(13) 97723538 Santos - SP
segunda-feira, 14 de maio de 2012
As cores do TRI
Perdoem-me os outros
times, todos com grandes histórias, mas o Santos FC é um caso à parte.
Raça é muito bom... Garra
é muito legal... Torcida grande faz número, o tal “décimo-segundo jogador”, que
às vezes também tem décimo-terceiro, no apito, e décimo-quarto, no “tapetão”...
Mas futebol-arte é o que tornou o Brasil referência mundial e o que faz a
alegria dos estádios mundo afora!
E o que é futebol-arte?
Tem muito de magia ou,
melhor, Feitiço! É coisa de pele ou, melhor, Pelé! Uma boa pitada ou, melhor,
Pita, de ego ou, melhor, Diego! É jogar por prazer, como um “hobby” ou, melhor,
Robinho!
Futebol-arte é ganhar
no campo! É aprender com os erros! É saber perder e dar a volta por cima!
Futebol-arte tem a
pureza do branco, a nobreza do negro e, agora, o azul celeste, que foi buscado
no passado, que está no céu e no mar!
Estou abusando dos
pontos de exclamação, porque não canso de me maravilhar com esse time que
alguns quiseram acabar, por dor-de-cotovelo e absolutamente nenhuma noção de
beleza.
“Olha que coisa mais
linda! Mais cheia de graça!”, que é o futebol-arte, que encanta até quem não
sabe que a bola é redonda; que é como um espelho que se põe no solo e que,
quando a gente anda sobre ele é como se estivesse caminhando nas nuvens.
As cores do tri são
branco, preto e azul que, por mim, pode ser, doravante, o uniforme n. 2 do
Alvinegro. O ouro também é cor do tri, num time que tem quatro dimensões: a
largura da técnica, a altura da disciplina, o comprimento infinito e a
infinidade do tempo.
As cores do tri têm a
transparência do futebol autêntico, honesto, ingênuo, que até quando tripudia é
por pura beleza, “para o bem do povo e felicidade geral da nação”, santista e
de quem gosta de futebol-arte.
As cores do tri são
todas! São os matizes de um Brasil que tem muito a ver com Santos, porto, cidade
e time. Porto que sempre foi porta para o mundo; cidade que foi berço do
Patriarca da Independência; time que fez a independência do futebol brasileiro!
Continuo abusando dos
pontos de exclamação, pois não há interrogações nessa história; as vírgulas só
se prestam para relacionar títulos; e o ponto final ainda está longe de ser
grafado.
Santos FC: time de céu
e mar, ambos cheios de estrelas! “Peixe” que busca a rede para alimentar o
imaginário do povo, sempre em clima de festa: “Caiu na rede: é ‘Peixe’”!
Peço licença para
parafrasear uma frase que vi no estádio: “Santos, não me canso de ‘tri’ amar”!
sábado, 14 de abril de 2012
SANTOS FC – CEM ANOS!
Sou santista desde que me conheço por gente!
Por quê?
Bem, certas coisas não têm nem precisam de explicação, sobretudo quando vêm do coração, quando é coisa de pele.
É verdade que eu nasci em Santos e daqui me ausentei por apenas um ano. E vim ao mundo quando o Santos FC já vencia tudo e era a corte de um rei coroado aos dezessete anos, nas terras da rainha Cristina.
Mas meu pai, um de meus irmãos mais velhos e tios eram, perdoem-me a palavra, corintianos. Argh! Ou torciam para a “burrinha”, Portuguesa Santista.
Só sei que naturalmente passei a torcer para o alvinegro praiano, fascinado pelo branco do uniforme n. 2 que virou n.1; pelo contraste dos deuses negros que reescreveram a história do futebol brasileiro, transformando o “complexo de vira-lata” de Nelson Rodrigues em Baleia, que colocou o Brasil no mapa; que conquistou três títulos mundiais de seleções e dois de clubes; que encantou o mundo, parou guerra, ganhou tudo o que disputou, mas que um dia um comentarista caquético e anacrônico anunciou, com prazer mórbido e sarcasmo, que havia acabado, porque seria apenas Pelé...
Tolo!
Antes do Rei, o Santos já havia sido santificado por Feitiço, Patuska, Antoninho, Vasconcellos, Pagão... Êta time ecumênico: até Feitiço e Pagão se converteram!
E com Pelé houve Coutinho, Edu, Mengálvio, Pepe, Dorval, Zito, Mauro, Clodoaldo, Gilmar, Tite, Carlos Alberto, Toninho, Cejas e tantos outros, que conquistaram mais títulos em poucos anos do que qualquer outro time.
O Santos acabou em 1974? Não! Só achou de deveria dar uma chance para os demais, talvez um pouco cansado de “carregar o piano”. Esse ano também foi o marco de um Brasil que perdeu a nobreza conquistada, quando resolveu jogar igual aos europeus. Perdeu o respeito por si próprio, que só foi reconquistado por Telê e Felipão, e hoje crê que é preciso jogar na Europa para “ganhar maturidade”... Quem acredita nisso, que vá trabalhar lá!
É verdade que tivemos um prolongado jejum de títulos... Mas jejuar também é coisa de santos! A gente faz isso para purificar e evoluir!
Desafio: alguém conhece um time que tenha sido berço de tantos craques?
Além dos já mencionados: Cláudio Adão, Juary, Pita, Diego, Robinho, Ganso, Neymar...
Por aqui também passaram alguns dos maiores maestros do meio de campo, como: Aílton Lira, Dema, Deodoro, Giovanni, Paulo Isidoro... E endiabrados como: Almir “Pernambuquinho” e Serginho “Chulapa”.
Um passado de glória - que já o era antes de Pelé & Cia. -; que sempre primou pelo futebol-arte, enfrentando o “Trio de Ferro” paulista ou o Real Madrid, de Di Stefano; que sempre ganhou seus títulos no campo de jogo!
O Santos criou a maioria de seus inúmeros e espetaculares craques.
A Baleia virou Peixe, pela voz de um radialista dos anos de 1970, mas nunca perdeu sua grandeza ou realeza, de um time que honra seu hino: “No Santos pratica-se o esporte com dignidade e com fervor, seja qual for a sua sorte, de vencido ou vencedor!”. O Santos não é apenas um time de raça, pois aqui todas sempre tiveram vez: brancos, negros, orientais, índios...! Ganhou o mundo “sin perder la ternura”, porque nunca se achou pequeno!
Será por isso que sou santista?
Pouco importa... Amor não precisa de explicação!
Parabéns por este centenário, Santos! Parabéns por cem anos de futebol-arte, Brasil!
quarta-feira, 21 de março de 2012
“cara-crachá”
O bordão humorístico “cara-crachá”, do porteiro interpretado por
Paulo Silvino, indica que a função dele é controlar o acesso à empresa.
Talvez esse personagem não tenha a exata noção do poder que lhe é
dado, pois ele poderia barrar até o dono, se este não portasse o crachá!
Poderoso ele, hein? E, em alguns casos, pode estar armado e com
“licença para atirar”!
No entanto, normalmente ele só pararia o chefe se não o reconhecesse
e sequer exigiria que ele pusesse o crachá. No máximo, lembraria educadamente das
normas de segurança.
Regra com exceções informais?
Bem, também haveria o caso das senhoras elegantemente trajadas,
que consideram o crachá antiestético... E como há marmanjos que se “derretem”
facilmente, estes aceitarão sorrisos “identificadores” ou permitirão até que
portem o crachá na bolsa...
O crachá é ótimo para identificação, tanto que empresas e eventos
o usam. No caso de corporativo, o cartão eletrônico reduz a intervenção desses
profissionais.
Já no caso de prédios residenciais, a interação com os porteiros é
primordial, pois gera confiança e segurança.
É uma função importante, para a qual a pessoa deve ser preparada,
inclusive psicologicamente, para atuar com eficiência e cordialidade.
Como em qualquer área, no entanto, há os que extrapolam, quem sabe
para compensar frustrações ou limitações pessoais, descarregando seu ressabio
em terceiros, como ocorreu com um amigo:
Seu crachá havia soltado do suporte e ele o portava na mão. Assim
o exibindo, ele passou sem problemas por duas portarias. Ao passar pela
terceira, de controle de veículos por outra entrada, seu ocupante, ao vê-lo com
o identicação na mão, saiu da guarita para exigir que ele a prendesse no
cordão. Educadamente, meu amigo informou do problema, mas o funcionário foi grosseiro,
insistindo para que ele “desse um jeito”.
Posteriormente, meu amigo precisou pegar a chave de um carro nessa
guarita, onde havia dois funcionários, inclusive o mencionado indivíduo.
Meu amigo se dirigiu ao outro, mais próximo, para pedir-lhe a chave,
mas foi informado de que ela não estava lá. O “cara-crachá” se intrometeu de
forma deselegante, perguntando: “Qui carro qui tu qué?”.
Meu amigo ignorou a intervenção grosseira, mesmo porque o outro já
identificara a localização da chave. Agradeceu e seguiu seu caminho...
É lógico que é preciso relevar certas atitudes, para evitar
problemas. Afinal, diz o ditado: “Quando um não quer dois não brigam”. Mas não
podemos esquecer que a importância ou ascendência de nossas funções, quaisquer
que sejam, não nos autoriza a abusar delas.
É fundamental que quem atua em contato com o público seja treinado
e orientado para cumprir seu papel de forma adequada!
Caso contrário, a falha não será apenas de quem está lá, mas
também – e muito! – de quem o colocou o “cará-crachá” lá...
terça-feira, 6 de março de 2012
As muitas faces do genocídio
Segundo
o “Aurélio”, genocídio é: “S. m. Crime contra a humanidade, que consiste em,
com o intuito de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, cometer contra ele qualquer dos atos seguintes: matar
membros seus; causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental; submeter
o grupo a condições de vida capazes de o destruir fisicamente, no todo ou em
parte; adotar medidas que visem a evitar nascimentos no seio do grupo; realizar
a transferência forçada de crianças de um grupo para o outro.”
É fácil associar
indivíduos como: Hitler, Stalin, Truman, Saddan, Milosevic, Herodes e muitos
outros, a essa ação substantiva. Isso porque a eles estão associadas
participações diretas no processo. Mas, muitos dos dirigentes atuais - dos
tiranos que mantêm o poder pela força, aos que o obtêm pelo voto direto – e
criminosos, também praticam atos e tomam decisões que podem ser caracterizadas
como genocídio, direta ou indiretamente. Por conta disso - perdoe-me o saudoso
dicionarista - creio que a definição carece da seguinte alteração: Onde se lê:
“... destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou
religioso”, deveria ser lido: “... destruir, total ou parcialmente, um grupo
nacional, étnico, racial, religioso ou social”. Assim, poderíamos incluir no
rol de vítimas de genocídio: as classes menos favorecidas, os socialmente
excluídos e todos os que são vítimas de opressão e da incompetência ou omissão
dos governos.
Esse pequeno adendo
permitiria que expressões como: “causar-lhes grave lesão à integridade física
ou mental” e “submeter o grupo a condições de vida capazes de o destruir
fisicamente, no todo ou em parte”, caracterizassem o tráfico de drogas e de
qualquer outro produto que gere dependência química ou psicológica como
genocídio. A adulteração ou falsificação de remédios, então: teria lugar de
“honra” nesse contexto!
A cafetinagem
também seria incluída, pois a prostituição expõe a doenças venéreas e letais,
além de destruir a auto-estima. Isso já é terrível, mas não consigo imaginar
maior crime contra a humanidade do que a prostituição infantil, por “realizar a
transferência forçada de crianças de um grupo para o outro”, ou seja, da
inocência infantil para o mundo cruel de adultos pervertidos!
Outra prática
“tradicional” que poderia ser enquadrada é o desvio de verbas públicas
destinadas à educação, segurança, saúde e alimentação. Afinal, quem faz isso
provoca a morte lenta e cruel de milhares de pessoas; trata seres humanos como
mercadoria descartável ou lixo! Em sã consciência, jamais poderia ser nomeado
para ocupar cargo público, eletivo ou não!
E o que dizer dos
indivíduos que cobram propina para conseguir ou liberar dinheiro público já
destinado a investimentos sociais? Ou dos que vendem merenda escolar? E os
superfaturamentos? Não provocam o mesmo resultado? Afinal, o excesso de verba,
que vai parar no bolso de corruptos ou no “caixa 2” de partidos, poderia ser
usado para melhorar as condições de vida das pessoas mais humildes!
Bem, tudo isso
implica em concluir que corruptores e, principalmente, corruptos, além de
moralmente desprezíveis, são, também, conforme sobem de nível (ou melhor,
descem...) genocidas!
Mas, será que
alterar a definição de genocídio no dicionário mudaria alguma coisa? Talvez...
Quem sabe alguém
resolva puni-los “exemplarmente”, com a pena máxima: 30 anos de reclusão, com
direito a progressão de pena para regime semi-aberto, após alguns anos, por
“bom comportamento”...
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
A Árvore da Vida
Não me lembro dos primeiros filmes de Terrence Malick, nem soube de seu sumiço temporário, errático, das telonas.
Só vi seu retorno a
elas: “Além da Linha Vermelha” (The Thin
Red Line, EUA, 1998) em 2011 e, confesso, fiquei meio confuso com a
proposta desse filósofo formado com louvor em Harvard; quase doutor, em Oxford;
e que lecionou no MIT.
Porque esse sujeito
resolveu fazer cinema?
As imagens desse
filme de guerra são intensas, mas há alguns exageros - como as falas de Nick
Nolte - e situações sem sentido. Mas, a guerra não é assim?
Ao fim desse
primeiro contato com a obra deste cineasta, ao menos duas percepções emergiram:
Malick parece ser pessoa boa índole e com absolutamente nenhuma preocupação em
fazer cinema “comercial”. Ele quer fazer refletir, dialogar!
Isso, no entanto, nunca
impediu estrelas de “mergulharem” em seus roteiros e aceitarem seus convites.
Mesmo assim, fiquei
com “um pé atrás” quando anunciaram: “A Árvore da Vida” (The Tree of Life, EUA, 2011).
O título era
poderoso, assim como a sinopse e o elenco: Brad Pitt, Sean Penn...
Então, mais crítico
do que apreciador de Malick, por ainda não tê-lo decifrado, fui vê-lo, com meu
filho.
Antes da projeção,
ouvi pessoas cheias de expectativa, mencionando a “Palma de Ouro” recebida pelo
filme. Cético, aguardei que as imagens me convencessem de algo.
Quando o filme começou, aos poucos fui enfeitiçado pelas imagens e personagens, principalmente pelo Jack mais novo, interpretado por Hunter McCracken, extremamente natural e convincente, apesar da pouca idade.
Passei o filme todo
com um nó na garganta, indo e vindo no tempo da narrativa, vinculando mensagens
de uma sinceridade tão eloquente que transpunha a tela, como se o filme fora
uma espécie de 3D espiritual, a ser visto com as lentes da alma, questionando:
“Quando foi que perdemos a graça da vida?”.
Exagero meu?
Talvez... Filme autoral é assim: afeta as pessoas de diferentes formas, tanto
que, durante a projeção, era possível ouvir manifestações do tipo: “Quando o
filme vai começar?” ou “Palma de Ouro não quer dizer nada!”. Havia pessoas
indignadas, pedindo o dinheiro de volta!
Eu e meu filho, no
entanto, permanecíamos absortos.
Eu já estava
“rendido” ao enredo, mas, quando o filme terminou e ele perguntou minha
opinião, o pouco que havia sobrado do “terremoto” definitivamente “desabou”!
Levei alguns
minutos para me reconstruir, sob o olhar preocupado dele, que não entendia
muito bem o que estava acontecendo. De certa forma, nem eu...
Mais tarde, quando
consegui raciocinar sobre a obra, tive certeza de que, de fato, Terrence Malick
é instigante, dialético, ousado e visceralmente comprometido, quadro a quadro,
com suas crenças. Nada é à toa em seus filmes!
Como defini-lo,
então?
Conversando com meu
filho sobre isso, me veio à mente uma tola síntese: Malick é um filósofo da
imagem!
“A Árvore da Vida” levará
um Oscar?
Pouco importa. Vale
mesmo as “raízes” que ele deixou em cada um que o viu.
Assinar:
Postagens (Atom)