quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Árvore da Vida



Não me lembro dos primeiros filmes de Terrence Malick, nem soube de seu sumiço temporário, errático, das telonas.
Só vi seu retorno a elas: “Além da Linha Vermelha” (The Thin Red Line, EUA, 1998) em 2011 e, confesso, fiquei meio confuso com a proposta desse filósofo formado com louvor em Harvard; quase doutor, em Oxford; e que lecionou no MIT.
Porque esse sujeito resolveu fazer cinema?
As imagens desse filme de guerra são intensas, mas há alguns exageros - como as falas de Nick Nolte - e situações sem sentido. Mas, a guerra não é assim?
Ao fim desse primeiro contato com a obra deste cineasta, ao menos duas percepções emergiram: Malick parece ser pessoa boa índole e com absolutamente nenhuma preocupação em fazer cinema “comercial”. Ele quer fazer refletir, dialogar!
Isso, no entanto, nunca impediu estrelas de “mergulharem” em seus roteiros e aceitarem seus convites.
Mesmo assim, fiquei com “um pé atrás” quando anunciaram: “A Árvore da Vida” (The Tree of Life, EUA, 2011).
O título era poderoso, assim como a sinopse e o elenco: Brad Pitt, Sean Penn...
Então, mais crítico do que apreciador de Malick, por ainda não tê-lo decifrado, fui vê-lo, com meu filho.
Antes da projeção, ouvi pessoas cheias de expectativa, mencionando a “Palma de Ouro” recebida pelo filme. Cético, aguardei que as imagens me convencessem de algo.

Quando o filme começou, aos poucos fui enfeitiçado pelas imagens e personagens, principalmente pelo Jack mais novo, interpretado por Hunter McCracken, extremamente natural e convincente, apesar da pouca idade.

Passei o filme todo com um nó na garganta, indo e vindo no tempo da narrativa, vinculando mensagens de uma sinceridade tão eloquente que transpunha a tela, como se o filme fora uma espécie de 3D espiritual, a ser visto com as lentes da alma, questionando: “Quando foi que perdemos a graça da vida?”.
Exagero meu? Talvez... Filme autoral é assim: afeta as pessoas de diferentes formas, tanto que, durante a projeção, era possível ouvir manifestações do tipo: “Quando o filme vai começar?” ou “Palma de Ouro não quer dizer nada!”. Havia pessoas indignadas, pedindo o dinheiro de volta!
Eu e meu filho, no entanto, permanecíamos absortos.
Eu já estava “rendido” ao enredo, mas, quando o filme terminou e ele perguntou minha opinião, o pouco que havia sobrado do “terremoto” definitivamente “desabou”!
Levei alguns minutos para me reconstruir, sob o olhar preocupado dele, que não entendia muito bem o que estava acontecendo. De certa forma, nem eu...
Mais tarde, quando consegui raciocinar sobre a obra, tive certeza de que, de fato, Terrence Malick é instigante, dialético, ousado e visceralmente comprometido, quadro a quadro, com suas crenças. Nada é à toa em seus filmes!
Como defini-lo, então?
Conversando com meu filho sobre isso, me veio à mente uma tola síntese: Malick é um filósofo da imagem!
“A Árvore da Vida” levará um Oscar?
Pouco importa. Vale mesmo as “raízes” que ele deixou em cada um que o viu.

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