Viver em condomínio não é fácil! Às vezes a gente briga
até com o espelho!
O desafio está em abrir mão da conveniência pessoal em
nome da boa convivência. Daí a necessidade de regras, que devem ser acordadas
dentro da legalidade e por consenso ou, na falta deste, maioria. No entanto, não
basta criá-las: elas devem ser acatadas enquanto vigerem, inclusive pelos
responsáveis por sua aplicação!
O que se espera é que, ao menos em condomínio, haja a
democracia que infelizmente ainda não conhecemos na política, e não um simples
exercício de poder, individual ou sectário, com excessos ou
omissões.
Regras são "chatas", mas necessárias! E não podem
depender da conveniência de cada um ou de motivos transitórios. Também não podem
ser cumpridas apenas por quem concorda com elas ou objeto de "desobediência
civil", pelos discordantes, que ainda se incomodam, magoam ou clamam seus
"direitos", quando sofrem as consequências de sua infração.
Um condomínio é composto por pessoas de várias idades,
origens, profissões, credos... Uns têm filhos, outros não. Há os que trabalham
de dia, à noite ou são aposentados. Tem os reclusos e os festeiros. Enfim, há
gente de todos os tipos, com gostos e vontades que não podem ser simplesmente
impostos aos demais, principalmente nas áreas comuns.
Quem tem filhos pequenos, hoje, e cobra que eles tenham
liberdade para fazer o que quiserem, a qualquer hora e mesmo longe de seus
olhos, para seu sossego; amanhã pode querer o silêncio e a paz que os que já os
criaram ou decidiram não tê-los anseiam. Quem tem animais de estimação, que
passam o dia todo lamentando a falta do dono, também. Quem faz festas em casa,
até altas horas da madrugada, com música no último volume e gritaria,
idem.
Há os que argumentam que escolheram morar em tal lugar,
porque acharam que ali poderiam viver do jeito que queriam, como se isso fosse
uma condição indiscutível, um direito absoluto.
Pois é, outros também o escolheram, só que por outros
motivos. Daí a necessidade de criar normas de convivência, que implicam abrir
mão de alguma coisa, em nome do bem viver.
Regras... Elas seriam desnecessárias, se as pessoas
tivessem suficiente bom senso para buscar o consenso, e não apenas a prevalência
de suas vontades.
Essa consciência evitaria desinteligências, rancores e
disputas pessoais ou grupais. Transformaria essa casa parcialmente coletiva em
algo próximo do paraíso, onde cada vizinho não seja visto como o "chato de
galochas" que mora ao lado, em cima ou embaixo, ou alguém para se evitar, no
elevador; mas pessoa com quem conversar, confiar e, porque não, confraternizar.
Afinal, onde moramos deve ser qual porto seguro: refúgio do trabalho estafante e
das agruras da vida, e não mais um foco de estresse.
Nesse sentido, o sonho de uns não pode ser o pesadelo de
outros.
Pois é... Mas, às vezes, brigamos até com o
espelho!
Já seria um bom começo, em vez de brigar, "conversar" com
ele...
Adilson Luiz
Gonçalves
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Conferente
e Compositor
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