O preconceito
normalmente é interpretado no sentido negativo.
Preconceitos raciais, étnicos, ideológicos, de
gênero, religiosos, sociais e outros, quase sempre estão associados aos
interesses de manutenção de poder de uma classe dominante, "classificadora", que
atribui rótulos para impor total controle sobre a vida das pessoas, doutrinadas
desde a infância. Algumas até se atribuem designação "divina", para dominar,
mantendo a ordem social de "seus" grupos.
Não importa o motivo, isso tende a virar cultura
que, quanto mais fechada, mais estipulará preconceitos e discriminará o que for
diferente, limitando a evolução pessoal, desperdiçando potenciais ou tirando
proveito doloso das restrições impostas.
Essa é,
normalmente, a visão que temos do preconceito, e muitos se valem dela, em nome
de sua superação. O que é motivo de restrição, em alguns casos virou vantagem a
priori, a título de "reparação", independentemente de mérito.
No entanto,
mesmo antes do estabelecimento desse modelo de combater "fogo com fogo", sempre
houve interpretação e aproveitamento "positivos" de certos preconceitos. Isso
vale, inclusive, para o discriminado. Tanto que tem gente que contrata pessoas
em função de crença, raça, opção sexual e outros fatores, por acreditarem que
esse preconceito garante bons resultados.
Bem, certos
preconceitos via de regra vêm associados a estereótipos comportamentais, ou
seja, aparências.
Dependendo do
grau de hipocrisia da sociedade, alguns indivíduos passam a "interpretar
papéis", para atuar em certas áreas. Ou seja, assumem o preconceito, com todos
os seus estereótipos. E se assim não fizerem, poderão ser discriminados pelos
discriminados. Há, ainda, os que o fazem para tirar proveito dos
preconceituosos. Lembram do filme Shampoo (1975)?
Pois
é...
Leis podem
punir atos preconceituosos ou, até, "reparar" erros ou crimes cometidos por
outras gerações. Mas, como eliminar, de fato, os preconceitos de todas as
culturas?
Creio que
somente pelo cultivo da noção de igualdade e do respeito às diferenças
individuais.
É óbvio que
classificar e "enquadrar" pessoas desde a infância é um eficiente meio de
manutenção da supremacia das elites. Isso vale desde o início da humanidade,
passando pelo estabelecimento de castas, alegação de "designação divina" da
realeza, lideranças carismáticas, perseguições estúpidas, tudo o que transformou
os seres humanos em mercadoria.
Passados
milhares de anos, hoje somos a soma de todas as virtudes e defeitos das
civilizações, algumas mais ou menos evoluídas, todas com seus preconceitos
internos e externos, antigos ou novos, mas sempre convenientes para
poucos.
Seria utopia
acreditar que, por iniciativa própria, um dia veremos as pessoas serem apenas o
que são, livres de preconceitos e com oportunidades iguais para desenvolverem
suas aptidões, exclusivamente por mérito? Ou continuaremos a ser eternos
escravos de preconceitos: alienados, hipócritas ou tirando proveito conveniente
deles?
Adilson
Luiz Gonçalves
Membro da Academia Santista de
Letras
Mestre
em Educação
Escritor,
Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
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