Joe 90 era um antigo filme de
animação, cujo protagonista, um menino, entrava num globo giratório para
adquirir, temporariamente, o conhecimento de outras
pessoas.
Na mesma época, o Dr. McCoy, num episódio de Jornada
nas Estrelas, entrou num aparato alienígena e aprendeu instantaneamente a
fazer uma antes impensável cirurgia no intrincado cérebro do Sr. Spock. O
problema é que, depois de algum tempo, ele também foi perdendo esse conhecimento
e quase "deu zebra", na operação.
Em Johnny Mnemonic (1995), Keannu Reeves é um "pen
drive" humano, que recebe informações secretas no cérebro, às quais ele não
tinha acesso, que devem ser transferidas em curto prazo, senão ele entraria em
colapso mental.
Curiosamente, o mesmo Reeve, na trilogia Matrix,
recebeu muito mais informações sem endoidar, só que, desta vez, as retinha. No
entanto, poderia morrer, em "sonho".
Que fantástico seria se a gente pudesse aprender o que
quisesse, apenas transferindo informações para o cérebro!
Quer aprender mandarim? Pluga! Quer tocar guitarra como
Jimmy Page, ou violoncelo, como Yo-Yo Ma? Conecta! Quer pilotar
como o Senna? "Espeta" na USB!
Capturar conhecimento dessa forma é tentador,
não?
Ninguém mais precisaria de cola ou de ir à escola!
Bastaria ir ao supermercado de banco de dados. "Oferta do dia: Leve Física
Quântica e ganhe, grátis, realidade virtual com Paz Vega!". Mas, onde ficam: a
criatividade, a inovação, o mérito, a inteligência e a sabedoria nessa
história?
Se considerarmos que muita gente tem potencial,
independentemente de poder aquisitivo, talvez a apreensão rápida de informações
permitisse a cura doenças e imperfeições genéticas; acabar com a fome e as
guerras; levar o ser humano o universo, evitando a superpopulação da Terra...
Mas, não é assim que as coisas funcionam. Pelo menos, não ainda.
A aprendizagem é um processo infinito! E que deve levar à
autonomia de pensamento, permeada pelo bom senso. Não falo, portanto, de
doutrinação ou adestramento.
Adoro aprender! Passaria o dia todo aprendendo! Porém,
viver é preciso, pois, mesmo que a gente aprendesse ao estilo Matrix ou
Joe 90, pagar contas ainda exigiria trabalho remunerado, na sociedade
atual.
Aprender continuamente é um processo de
libertação!
O que enlouquece ou ofusca o brilho das pessoas é a
restrição ou o direcionamento do pensar, para confiná-las em rebanhos de
interesse.
Ainda não descobriram a real capacidade de armazenar e
processar informações do cérebro humano. Isso é fácil, com máquinas, e até já
tentaram transformar pessoas em máquinas, para limitar e controlar suas ações e
reações.
Querer acreditar que sabe muito ou, até, tudo; ou que
aprender não é necessário, só serve para arrogantes, acomodados e aproveitadores
de todas as raças, credos e ideologias!
Aprender é acreditar na vida! É respeitar o que a
humanidade já produziu! É acreditar no futuro!
E é preciso aprender até o último suspiro, já curioso com
o que virá depois...
Adilson Luiz
Gonçalves
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Conferente
e Compositor