quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vivendo e aprendendo

 

Joe 90 era um antigo filme de animação, cujo protagonista, um menino, entrava num globo giratório para adquirir, temporariamente, o conhecimento de outras pessoas.

Na mesma época, o Dr. McCoy, num episódio de Jornada nas Estrelas, entrou num aparato alienígena e aprendeu instantaneamente a fazer uma antes impensável cirurgia no intrincado cérebro do Sr. Spock. O problema é que, depois de algum tempo, ele também foi perdendo esse conhecimento e quase "deu zebra", na operação.

Em Johnny Mnemonic (1995), Keannu Reeves é um "pen drive" humano, que recebe informações secretas no cérebro, às quais ele não tinha acesso, que devem ser transferidas em curto prazo, senão ele entraria em colapso mental.

Curiosamente, o mesmo Reeve, na trilogia Matrix, recebeu muito mais informações sem endoidar, só que, desta vez, as retinha. No entanto, poderia morrer, em "sonho".

Que fantástico seria se a gente pudesse aprender o que quisesse, apenas transferindo informações para o cérebro!

Quer aprender mandarim? Pluga! Quer tocar guitarra como Jimmy Page, ou violoncelo, como Yo-Yo Ma? Conecta! Quer pilotar como o Senna? "Espeta" na USB!

Capturar conhecimento dessa forma é tentador, não?

Ninguém mais precisaria de cola ou de ir à escola! Bastaria ir ao supermercado de banco de dados. "Oferta do dia: Leve Física Quântica e ganhe, grátis, realidade virtual com Paz Vega!". Mas, onde ficam: a criatividade, a inovação, o mérito, a inteligência e a sabedoria nessa história?

Se considerarmos que muita gente tem potencial, independentemente de poder aquisitivo, talvez a apreensão rápida de informações permitisse a cura doenças e imperfeições genéticas; acabar com a fome e as guerras; levar o ser humano o universo, evitando a superpopulação da Terra... Mas, não é assim que as coisas funcionam. Pelo menos, não ainda.

A aprendizagem é um processo infinito! E que deve levar à autonomia de pensamento, permeada pelo bom senso. Não falo, portanto, de doutrinação ou adestramento.

Adoro aprender! Passaria o dia todo aprendendo! Porém, viver é preciso, pois, mesmo que a gente aprendesse ao estilo Matrix ou Joe 90, pagar contas ainda exigiria trabalho remunerado, na sociedade atual.

Aprender continuamente é um processo de libertação!

O que enlouquece ou ofusca o brilho das pessoas é a restrição ou o direcionamento do pensar, para confiná-las em rebanhos de interesse.

Ainda não descobriram a real capacidade de armazenar e processar informações do cérebro humano. Isso é fácil, com máquinas, e até já tentaram transformar pessoas em máquinas, para limitar e controlar suas ações e reações.

Querer acreditar que sabe muito ou, até, tudo; ou que aprender não é necessário, só serve para arrogantes, acomodados e aproveitadores de todas as raças, credos e ideologias!

Aprender é acreditar na vida! É respeitar o que a humanidade já produziu! É acreditar no futuro!

E é preciso aprender até o último suspiro, já curioso com o que virá depois...


Adilson Luiz Gonçalves

Mestre em Educação

Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Conferente e Compositor

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Acima de preconceitos

O preconceito normalmente é interpretado no sentido negativo.
Preconceitos raciais, étnicos, ideológicos, de gênero, religiosos, sociais e outros, quase sempre estão associados aos interesses de manutenção de poder de uma classe dominante, "classificadora", que atribui rótulos para impor total controle sobre a vida das pessoas, doutrinadas desde a infância. Algumas até se atribuem designação "divina", para dominar, mantendo a ordem social de "seus" grupos.
Não importa o motivo, isso tende a virar cultura que, quanto mais fechada, mais estipulará preconceitos e discriminará o que for diferente, limitando a evolução pessoal, desperdiçando potenciais ou tirando proveito doloso das restrições impostas.

Essa é, normalmente, a visão que temos do preconceito, e muitos se valem dela, em nome de sua superação. O que é motivo de restrição, em alguns casos virou vantagem a priori, a título de "reparação", independentemente de mérito.
No entanto, mesmo antes do estabelecimento desse modelo de combater "fogo com fogo", sempre houve interpretação e aproveitamento "positivos" de certos preconceitos. Isso vale, inclusive, para o discriminado. Tanto que tem gente que contrata pessoas em função de crença, raça, opção sexual e outros fatores, por acreditarem que esse preconceito garante bons resultados.
Bem, certos preconceitos via de regra vêm associados a estereótipos comportamentais, ou seja, aparências.
Dependendo do grau de hipocrisia da sociedade, alguns indivíduos passam a "interpretar papéis", para atuar em certas áreas. Ou seja, assumem o preconceito, com todos os seus estereótipos. E se assim não fizerem, poderão ser discriminados pelos discriminados. Há, ainda, os que o fazem para tirar proveito dos preconceituosos. Lembram do filme Shampoo (1975)? 

Pois é...
Leis podem punir atos preconceituosos ou, até, "reparar" erros ou crimes cometidos por outras gerações. Mas, como eliminar, de fato, os preconceitos de todas as culturas?
Creio que somente pelo cultivo da noção de igualdade e do respeito às diferenças individuais.
É óbvio que classificar e "enquadrar" pessoas desde a infância é um eficiente meio de manutenção da supremacia das elites. Isso vale desde o início da humanidade, passando pelo estabelecimento de castas, alegação de "designação divina" da realeza, lideranças carismáticas, perseguições estúpidas, tudo o que transformou os seres humanos em mercadoria.

Passados milhares de anos, hoje somos a soma de todas as virtudes e defeitos das civilizações, algumas mais ou menos evoluídas, todas com seus preconceitos internos e externos, antigos ou novos, mas sempre convenientes para poucos.
Seria utopia acreditar que, por iniciativa própria, um dia veremos as pessoas serem apenas o que são, livres de preconceitos e com oportunidades iguais para desenvolverem suas aptidões, exclusivamente por mérito? Ou continuaremos a ser eternos escravos de preconceitos: alienados, hipócritas ou tirando proveito conveniente deles?

Adilson Luiz Gonçalves
Membro da Academia Santista de Letras
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
Ouça textos do autor em: www.carosouvintes.org.br (Rádio Ativa / Comportamento)
Caso queira receber gratuitamente os livros digitais: Sobre Almas e Pilhas, Dest’Arte e Claras Visões, basta solicitar pelos e-mails: algbr@ig.com.br e prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

É PRECISO SABER CONVIVER

 

Viver em condomínio não é fácil! Às vezes a gente briga até com o espelho!

O desafio está em abrir mão da conveniência pessoal em nome da boa convivência. Daí a necessidade de regras, que devem ser acordadas dentro da legalidade e por consenso ou, na falta deste, maioria. No entanto, não basta criá-las: elas devem ser acatadas enquanto vigerem, inclusive pelos responsáveis por sua aplicação!

O que se espera é que, ao menos em condomínio, haja a democracia que infelizmente ainda não conhecemos na política, e não um simples exercício de poder, individual ou sectário, com excessos ou omissões.

Regras são "chatas", mas necessárias! E não podem depender da conveniência de cada um ou de motivos transitórios. Também não podem ser cumpridas apenas por quem concorda com elas ou objeto de "desobediência civil", pelos discordantes, que ainda se incomodam, magoam ou clamam seus "direitos", quando sofrem as consequências de sua infração.

Um condomínio é composto por pessoas de várias idades, origens, profissões, credos... Uns têm filhos, outros não. Há os que trabalham de dia, à noite ou são aposentados. Tem os reclusos e os festeiros. Enfim, há gente de todos os tipos, com gostos e vontades que não podem ser simplesmente impostos aos demais, principalmente nas áreas comuns.

Quem tem filhos pequenos, hoje, e cobra que eles tenham liberdade para fazer o que quiserem, a qualquer hora e mesmo longe de seus olhos, para seu sossego; amanhã pode querer o silêncio e a paz que os que já os criaram ou decidiram não tê-los anseiam. Quem tem animais de estimação, que passam o dia todo lamentando a falta do dono, também. Quem faz festas em casa, até altas horas da madrugada, com música no último volume e gritaria, idem.

Há os que argumentam que escolheram morar em tal lugar, porque acharam que ali poderiam viver do jeito que queriam, como se isso fosse uma condição indiscutível, um direito absoluto.

Pois é, outros também o escolheram, só que por outros motivos. Daí a necessidade de criar normas de convivência, que implicam abrir mão de alguma coisa, em nome do bem viver.

Regras... Elas seriam desnecessárias, se as pessoas tivessem suficiente bom senso para buscar o consenso, e não apenas a prevalência de suas vontades.

Essa consciência evitaria desinteligências, rancores e disputas pessoais ou grupais. Transformaria essa casa parcialmente coletiva em algo próximo do paraíso, onde cada vizinho não seja visto como o "chato de galochas" que mora ao lado, em cima ou embaixo, ou alguém para se evitar, no elevador; mas pessoa com quem conversar, confiar e, porque não, confraternizar. Afinal, onde moramos deve ser qual porto seguro: refúgio do trabalho estafante e das agruras da vida, e não mais um foco de estresse.

Nesse sentido, o sonho de uns não pode ser o pesadelo de outros.

Pois é... Mas, às vezes, brigamos até com o espelho!

Já seria um bom começo, em vez de brigar, "conversar" com ele...


Adilson Luiz Gonçalves

Mestre em Educação

Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Conferente e Compositor

Ouça textos do autor em: www.carosouvintes.org.br (Rádio Ativa)

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