O bordão humorístico “cara-crachá”, do porteiro interpretado por
Paulo Silvino, indica que a função dele é controlar o acesso à empresa.
Talvez esse personagem não tenha a exata noção do poder que lhe é
dado, pois ele poderia barrar até o dono, se este não portasse o crachá!
Poderoso ele, hein? E, em alguns casos, pode estar armado e com
“licença para atirar”!
No entanto, normalmente ele só pararia o chefe se não o reconhecesse
e sequer exigiria que ele pusesse o crachá. No máximo, lembraria educadamente das
normas de segurança.
Regra com exceções informais?
Bem, também haveria o caso das senhoras elegantemente trajadas,
que consideram o crachá antiestético... E como há marmanjos que se “derretem”
facilmente, estes aceitarão sorrisos “identificadores” ou permitirão até que
portem o crachá na bolsa...
O crachá é ótimo para identificação, tanto que empresas e eventos
o usam. No caso de corporativo, o cartão eletrônico reduz a intervenção desses
profissionais.
Já no caso de prédios residenciais, a interação com os porteiros é
primordial, pois gera confiança e segurança.
É uma função importante, para a qual a pessoa deve ser preparada,
inclusive psicologicamente, para atuar com eficiência e cordialidade.
Como em qualquer área, no entanto, há os que extrapolam, quem sabe
para compensar frustrações ou limitações pessoais, descarregando seu ressabio
em terceiros, como ocorreu com um amigo:
Seu crachá havia soltado do suporte e ele o portava na mão. Assim
o exibindo, ele passou sem problemas por duas portarias. Ao passar pela
terceira, de controle de veículos por outra entrada, seu ocupante, ao vê-lo com
o identicação na mão, saiu da guarita para exigir que ele a prendesse no
cordão. Educadamente, meu amigo informou do problema, mas o funcionário foi grosseiro,
insistindo para que ele “desse um jeito”.
Posteriormente, meu amigo precisou pegar a chave de um carro nessa
guarita, onde havia dois funcionários, inclusive o mencionado indivíduo.
Meu amigo se dirigiu ao outro, mais próximo, para pedir-lhe a chave,
mas foi informado de que ela não estava lá. O “cara-crachá” se intrometeu de
forma deselegante, perguntando: “Qui carro qui tu qué?”.
Meu amigo ignorou a intervenção grosseira, mesmo porque o outro já
identificara a localização da chave. Agradeceu e seguiu seu caminho...
É lógico que é preciso relevar certas atitudes, para evitar
problemas. Afinal, diz o ditado: “Quando um não quer dois não brigam”. Mas não
podemos esquecer que a importância ou ascendência de nossas funções, quaisquer
que sejam, não nos autoriza a abusar delas.
É fundamental que quem atua em contato com o público seja treinado
e orientado para cumprir seu papel de forma adequada!
Caso contrário, a falha não será apenas de quem está lá, mas
também – e muito! – de quem o colocou o “cará-crachá” lá...