terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Como será 2025?



Quando eu vivi na França, havia uma música que perguntava a crianças como seria o mundo, quando elas tivessem vinte anos, em 2001.
Lembrei dela sem motivo, mas resolvi fazer um exercício de futurologia e imaginar o que aconteceria por volta de 2025, se passarmos por 2012.
Quais seriam as novidades?
Harrison Ford estrelaria mais um filme da série Indiana Jones: “Eu sou a relíquia”. Sylvester Stallone emplacaria “Rocky XXX: Porrada na Melhor Idade”. Macaulay Culkin tentaria obter financiamento para uma nova versão de “Esqueceram de mim”, mas, todos perguntariam: “Quem?”. A saga “O Crepúsculo” teria mais uma continuação: “Obscurecer: Vampiros na Política”, que fracassaria no Brasil, pois todos já conhecem a história... Lucélia Santos voltaria à telinha com “O Retorno da Escrava Isaura”, produzida e exibida só em Cuba. O Kid Abelha regravaria pela enésima vez as músicas de seu primeiro disco. Uma emissora de televisão promoveria um campeonato denominado “Salvadores da América”, em que só times com o nome de certa agremiação paulistana poderiam se inscrever... Maradona finalmente seria reconhecido como o “maior” ídolo da história do futebol, depois de fazer um implante ósseo de 50 cm em cada perna! São Paulo não teria mais congestionamentos: os congestionamentos é que teriam São Paulo! Os EUA inventariam mais uma ou duas guerrinhas, para “aquecerem” sua economia.
Nada disso é imprevisível, considerando o presente e o passado. No entanto, em vez de repetir, reformar, forçar ou fazer infinitas variações sobre o mesmo tema, no que poderíamos inovar e sobrepujar?
Seria possível voltar a ter músicas e intérpretes de qualidade na mídia, sem repetir o passado ou empurrar goela abaixo “ídolos” tão fabricados quanto descartáveis? Ou abolir programas sensacionalistas e “reality shows” na TV?
As pessoas teriam condições de educação, cultura, trabalho e saúde suficientes para não mais dependerem da “caridade” da mídia ou da “tosquia” de mistificadores?
As elites entenderiam que a maior ameaça à sua segurança está na arrogância e desprezo com que alguns de seus “ícones” tratam os que não são seus “iguais”, mesmo quando travestidos de benemerentes?
Apenas pessoas competentes e bem intencionadas seriam eleitas ou nomeadas para cargos públicos?
As crianças seriam educadas sem preconceitos e fanatismos, em vez de perpetuarem medos, rancores e ódios seculares?
Bem... Não sei como será o mundo em 2025. Só sei que, hoje, estamos formando quem, lá, legará as consequências de nossos atos e omissões!
Se quisermos um futuro melhor para eles é preciso mudar para melhor já em 2012! E continuar em 2013, 14, 15...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Terceira história



A primeira história do Santos FC começou a ser contada em 1935, quando o Alvinegro conquistou seu primeiro Campeonato Paulista!
Ele já vinha incomodando os “grandes” da capital desde sua fundação e tinha uma característica diferenciada: não era time formado por colônia.
Sua segunda história, a mais brilhante até agora, começo a ser escrita em 1955, “carimbando” a faixa do campeão do IV Centenário, ganhando seu segundo título paulista e iniciando uma fase tão maravilhosa, que pode se dizer que só não ganhou todos os títulos que disputou porque preferiu correr o mundo, divulgando o futebol-arte!
Aliás, foi nessa fase que o futebol brasileiro perdeu o “complexo de vira-lata”, expressão cunhada por Nelson Rodrigues.
O time que começava com Gilmar, no gol, e terminada com o ataque mais temido da história do futebol: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe encantou o mundo, sendo o primeiro time que não era de capital a conquistar títulos importantes, tendo como ápice as Libertadores da América e Mundiais de 1962 e 63.
Será que as pessoas têm real noção do que isso significou e significa para o futebol brasileiro!
Obviamente, futebol - ainda mais para os brasileiros! - é pura paixão! Assim, as torcidas adversárias nunca darão o merecido valor às conquistas dos adversários, mesmo que esses tenham tantos diferenciais como é o caso do Santos FC.
Prova disso é que um antigo e anacrônico comentarista esportivo dos anos de 1970 - que entendia tanto de futebol que teve que passar “máquina zero” na cabeça, ao vivo, na TV, por ter perdido aposta em que afirmara que Mirandinha, do São Paulo, não marcaria gol no Palmeiras -, logo após Pelé parar sentenciou: “O Santos acabou!”.
De fato, o Alvinegro “pisou no freio” por algum tempo. Mesmo assim, conquistou alguns títulos de expressão em 1978, 84, 97 e 98.
E a terceira história?
Bem, esta começou a ser escrita em 2002, com o fantástico título brasileiro, que teve Diego e Robinho como protagonistas.
E para acabar de vez com o discurso batido dos adversários, de que “o Santos vivia de passado”, vieram mais um brasileiro, 2004; dois bicampeonatos paulistas: 2006/07 e 2010/11; a Copa do Brasil de 2010 e, enfim, a terceira Libertadores da América, ápice, até o momento, da geração de Neymar e Ganso.
É verdade que tomamos um “vareio” do Barcelona, para alegria dos adversários do Alvinegro. O Santos jogou com medo! Neymar, Ganso e Borges foram uma pálida imagem do que normalmente fazem, enquanto Messi & Cia. fizeram a apoteose do futebol, fazendo jus a tudo que se fala do fantástico time catalão.
Eu esperava muito mais do Alvinegro, não nego. No entanto, quem poderá negar os méritos que levaram o Santos à final do Campeonato Mundial Interclubes? Ou que o Alvinegro é um dos maiores times da história do futebol brasileiro?
Futebol é paixão e não dá para esperar racionalidade do torcedor apaixonado. Mas, a história não é escrita pela paixão...
Parabéns, Barcelona! Mas, em qualquer tempo, Santos, sempre Santos!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O DIA NASCEU FELIZ!



O Santos FC foi ao Japão com uma tarefa obrigatória e não tão simples, como alguns poderiam crer e o Internacional sentiu na pele: vencer a semifinal!
Essa tarefa tornou-se ainda mais complexa quando seu adversário foi definido: o campeão japonês, que conta com três brasileiros: dois dentro e um fora de campo.
A torcida santista surpreendeu, comparecendo em grande número ao estádio, apesar da maratona que deve ter sido a viagem e do frio.
Um torcedor rival, num programa de rádio, demonstrando uma solene dor de cotovelo, além de sérios problemas de visão e raciocínio, “tirou onda” do Santos, dizendo que, se o Alvinegro da Vila for campeão, talvez consiga mais uns cinco torcedores... A resposta do apresentador foi perfeita: “Se maior torcida fosse garantia de título, a China seria campeã de tudo!”.
Francamente, o que importa é aonde a gente chega por méritos! E o Santos está lá com todos eles, dentro e fora de campo!
E assim foi que, superando o nervosismo da estreia e o fato de jogar contra um time da casa, o Alvinegro conseguiu uma bela vitória coletiva, mostrando que Neymar é muuuuito importante, mas que tem companheiros que também sabem resolver.
É importante destacar que o Kashiwa Reysol não tinha nada de bobo, pois passar pelo Monterrey não era tarefa tão fácil. Nelsinho arrumou bem o time, com destaque para o lateral direito Sakai, autor do gol japonês e pretendido pelo Santos.
Nenhum dos gols do Alvinegro foram frutos da inocência da defesa adversária, mas da competência de Neymar e Borges, em abrir espaços mínimos para o arremate, em meio à forte marcação nipônica; e de Danilo, cobrando falta com perfeição, mostrando uma habilidade que ainda não era destaque em seu currículo.
Tivemos, ainda, bolas na trave e outros lances agudos, embora nossa defesa tenha voltado a inspirar preocupação.
Não dá para esconder que Durval, na lateral esquerda, é uma improvisação; e que Leo, vindo de contusão, talvez não aguente o “tranco” de 90 minutos contra o temível Barcelona. Adriano também faz falta num meio de campo onde Henrique não brilhou, Elano pouco apareceu e Ganso tem lampejos, mas ainda não está em plena forma.
Agora, passada a obrigação inicial - cumprida com méritos! -, o Santos tem pela frente a uma luta tipo Davi e Golias, uma missão quase impossível: vencer o Barça! A menos que o Al-Sadd promova a maior zebra da história do futebol mundial!
Mas, já que estamos falando de Davi e Golias, é bom lembrar que o Qatar fica por perto de onde essa história aconteceu...
Qual o segredo para vencer o Barcelona?
Não tem novidade desde que existe o futebol: marcar mais gols do que leva!
Para isso, no entanto, é preciso ter muita concentração, espírito coletivo, fé e, aproveitando a período pré-natalino, lembrar que só peru morre na véspera ou quando o jogo é na Argentina.
Kashiwa 1 x 3 Santos: o jogo foi na Terra do Sol Nascente, mas, foi aqui que o dia nasceu feliz!
Que venga el Barça! Ou não...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Nevou na minha cidade!



Não estou falando de cidades do Sul do Brasil, onde os flocos de gelo eventualmente dão o ar de sua graça. Falo da “caliente” Santos, que continua linda e agora próspera, com: projetos de expansão portuária, exploração do pré-sal e melhoria da infraestrutura empresarial e turística, de lazer e cultura, a exemplo do que também acontece em toda Baixada Santista, Costa da Mata Atlântica, sem descuidar do meio ambiente.
Nevar em Santos?
Bem, é verdade que este ano tem sido bem mais ameno que os anteriores, com temperaturas e dias bastante agradáveis. De gelo, por aqui, só raríssimas chuvas de granizo.
Será que isso é efeito das alterações climáticas? Pode ser, mas daí a nevar por aqui ainda levaria um tempo razoável, que a gente prefere continuar vendo só em filmes de ficção científica.
Mas neve faz parte do imaginário dos povos tropicais, ainda mais em tempos natalinos. A gente pode adorar praia, mas sonha em, ao menos uma vez na vida tocar esses flocos mágicos, fazer um boneco de neve ou uma guerrinha de bolas. Confesso que, a primeira vez que vi uma nevada pareci um menino diante de um brinquedo novo, bonito e inesperado, embora soubesse que ela estaria lá, nos Alpes de um distante janeiro. Mesmo assim, quando minha mulher anunciou que um “shopping” da cidade “faria nevar” no sábado, e que não perderia isso por nada, apaixonada pelo Natal, meu lado cético, cartesiano, de engenheiro logo conclui, pragmaticamente, que a tal “neve” seria um jato d’água com detergente biodegradável, politicamente correto, e que haveria alguns riscos envolvidos, como: escorregadelas, ardor nos olhos e prejuízos irreparáveis aos penteados volumosos, a custa de litros de laquê, de algumas senhorinhas.

No horário quase preciso, lá estávamos nós, mulher filho e eu, diante do “shopping”, com todo aparato preparado: isolamento viário; policiamento, para evitar ação de “amigos do alheio”; Papai Noel; aparelhagem de som, entoando músicas de Natal, etc.

Olhei para a fachada do imponente edifício e, para minha satisfação científica, constatei vários dispositivos que, ratificando minha previsão, estavam lá, prontos para produzir suas micro-bolhas de sabão. Nada de surpreendente, a não ser o rosto iluminado de minha mulher - que sempre se renova – e brilho adolescente de meu filho, que nunca deixará de ser um menino aos meus olhos.

Quando o espetáculo mais do que anunciado começou, no entanto, o ceticismo científico abriu alas e caminho para o lado pueril, poético:
O céu estava limpo e não havia vento significativo, pelo quê a “neve” caía com um leve bailado. As pessoas aplaudiam, exclamavam, tiravam fotos. As crianças corriam para apanhar os “flocos” no ar. Pessoas se abraçam. Desconhecidos se falavam como não fosse assim. Os carros reduziam velocidade, os vidros eram abertos, todos com largos e surpresos sorrisos.
De repente, calçada, rua e cabelos estavam cobertos de neve. As senhorinhas dos volumosos penteados estavam lá, mas pouco se importaram com o “estrago” e ainda aproveitaram para ensaiar coreografias.

Até eu, em meio aqueles minutos de magia, tomei minha musa nos braços e dancei ao som de antigas canções.
Inegavelmente, foi uma ótima iniciativa de “marketing” do “shopping”! Mas, prefiro ser um pouco mais romântico e acreditar que é preciso sempre fugir da rotina, por mais previsível que for o evento, para nunca esquecermos que a vida é muito mais do que trabalho, regras, obrigações e compromissos.
Nevou em minha cidade, sim! E o calor humano aqueceu todos os corações!