“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica!”, diz a Terceira “Lei” formulada por Arthur C. Clarke, mais conhecido por ter escrito o conto “O Sentinela”, base para a obra-prima de Stanley Kubrick, “2001: Uma Odisséia no Espaço”.
A considerar esta “lei”, vivemos num mundo de mágica, pois a tecnologia faz parte do cotidiano, tanto que já não nos impressionamos nem mandamos queimar seus autores: cientistas e pesquisadores. O que persiste é que ainda há os que fazem ou usam isso para o bem ou para o mal, além do fato de usarmos essa “mágica” sem entender muito bem como ela funciona.
Não é muito diferente com a natureza:
Nós a usamos - tiramos dela suas mágicas - sem entender direito seus mecanismos e razões. Não é à toa que vivemos tempos de crise ambiental, movida pelo consumismo desenfreado.
Para mudar essa perspectiva de que a fantasia de hoje pode ser o pesadelo de amanhã, dando margem para que mistificadores, fanáticos, ignorantes ou mal-intencionados, voltem a demonizar a ciência e seus desdobramentos, o ideal é criar uma consciência ecológica desde a infância. Não falo de doutrinação, mas de construção do conhecimento que alie ciência, natureza e sociedade, reintegrando o ser humano ao meio ambiente pela consciência de que um e outro são indistinguíveis e fazem parte da mesma “mágica”.
O ideal seria que todas as escolas proporcionassem essa construção de conhecimento, só que laboratórios ainda são caros e seu uso nem sempre é adequado.
Mas, o que impede que mesmo pequenas cidades disponham de centros que, em diferentes níveis, propiciem aos alunos conhecimentos e experimentos científicos e tecnológicos?
Seria fantástico que se multiplicassem equipamentos como a “Cidade das Ciências”, de La Villete, em Paris; ou como a “Estação Ciência”, de São Paulo. Nada impede, no entanto, que sejam criados pequenos centros locais, que sirvam de apoio ao Ensino Fundamental e Médio, e também ao público em geral. Neles, poderia haver laboratórios onde os visitantes assistiriam ou fariam experiências nas áreas de Física, Química e Biologia, que explicassem fenômenos naturais de forma lúdica. Uma sala de projeção serviria para exibição de filmes de ficção científica, seguida de debates sobre os conhecimentos e tecnologias abordados, inclusive sob aspectos ambientais e éticos.
Aliar o fascínio do cinema - tecnologia e fantasia por excelência! - à proposta de formação de cidadãos íntegros e conscientes de suas potencialidades e papel perante o meio ambiente e a sociedade.
Que tal?
Afinal, se não podemos fazer superproduções educativas, que saibamos utilizar inteligentemente as comerciais, discutindo seus erros e acertos, revertendo o que alienam ou distorcem.
No mais, as tecnologias disponíveis permitem acesso à internet com baixo custo, potencializando videoconferências com cientistas e especialistas de empresas.
Esses pequenos centros funcionariam como ambientes para atividades externas às escolas; para a formação de docentes; para o desenvolvimento de projetos e pesquisas de interesse local ou regional; e para lazer. E tudo com a proposta de integrar ciência e tecnologia ao dia a dia, a cidade ao mundo, o ser humano à natureza.
Porque não ter ciência e tecnologia para todos, de forma criativa e divertida, desde a infância?
Formar gerações para o pensamento ecológico, que alie: natureza, tecnologias e suas interfaces é fundamental para reverter o quadro atual!
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